Rota das Vias Antigas do PAVT

Parque Arqueológico do Vale do Terva

A consolidação do domínio romano do noroeste peninsular determinou um novo ordenamento territorial, que teve por base a criação de um conjunto de grandes cidades, vertebrado por uma rede de estradas que as ligavam entre si e outros importantes povoados da Galecia.

Via Romana XVII. Foto TR/TC

O atual território do PAVT integrava então o Conventus Bracarensis, sendo atravessado no sentido Oeste-Este pela importante via militar romana que ligava Bracara Augusta (Braga) a Asturica Augusta (Astorga), por Aquae Flaviae (Chaves), a chamada Via XVII, que cruzava a cabeceira do vale do rio Terva entre Ardãos e Seara Velha. Registada no século III no Itinerarium Antonini, esta via terá sido estruturada ao tempo do Imperador Augusto (século I), como testemunham alguns dos marcos miliários que a sinalizavam.

Na Idade Média e acompanhando a consolidação do Reino de Portugal, estruturou-se um novo povoamento servido igualmente por uma nova rede de comunicações. A área do PAVT, integrada então na chamada Terra de Barroso, conheceu uma valorização das vias que, cruzando o vale no sentido Norte-Sul reforçaram a ligação meridional de Chaves a Braga, por Carvalhelhos e Salto.

NO CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DO PAVT É CEDIDA A INFORMAÇÃO NECESSÁRIA PARA A REALIZAÇÃO DO ROTEIRO

Via Romana XVII

Com base na análise de dados arqueológicos, documentais, orais e historiográficos, estabeleceu-se que o traçado de via antiga subsistente entre Pindo, Ardãos, Senhor do Bonfim e Seara Velha, corresponde aos vestígios da via romana que ligava Braga a Astorga por Chaves – a via XVII do Itinerarium Antonini.

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Via romana XVII. Foto TR/TC

Esta ligação viária servia diversos povoados romanos e a importante zona mineira do vale do Terva, apresentando um traçado topograficamente equilibrado, como testemunham alguns troços de via conservados.

Ao traçado da via nesta zona estão indiretamente associados, pelo menos, seis miliários, que documentam a continuada manutenção da via, sendo o mais antigo do imperador Augusto (27 a.C.–14 d.C.) e o mais recente do imperador Adriano (136–137).

Via romana XVII. Foto TR/TC

No Centro de Interpretação do PAVT, em Bobadela, guardam-se fragmentos do miliário de Augusto, que na Idade Média foi reaproveitado como sarcófago. Conserva a seguinte inscrição: IMP (eratori) CAE|s (ari)/ AUGUS|O| A| BRAC|ARA M.P.|LXV. Foi recolhido na encosta de Lapabar, Sapelos, devendo originalmente estar localizado na zona do Pindo, já na passagem para a zona planáltica de Cervos, Montalegre.

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Via Medieval do Castelo da Contenda

Com a nova estruturação de povoamento na Idade Média, organiza-se uma nova rede viária regional, passando a ligação de Chaves ao Minho a fazer-se preferencialmente pelos eixos meridionais de Alturas do Barroso-Ruivães e de Salto–Rossas, em detrimento da antiga ligação pela zona de Montalegre, provavelmente por ainda não estar bem estabelecida a apropriação deste espaço por parte da coroa portuguesa, como parece denunciar a tardia construção do castelo de Montalegre, já no século XIV.

Via Medieval do Castelo da Contenda. Foto TR/TC

Na bacia inicial do rio Terva, para além da desaparecida ponte de cantaria que fazia a passagem do rio entre Sapelos e Sapiãos, na via que seguia para sul pela ponte de Carvalhelhos, apenas se conserva uma importante via local de época medieval, ainda com longos troços de pavimento lajeado.

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Castelo da Contenda. Foto TR/TC

Trata-se da via Arcos-Bobadela, já referenciada nas Inquirições de Afonso III, de 1258. Ligando as povoações de Cervos e Arcos (em Montalegre), a Bobadela e Sapiãos (em Boticas), esta via servia igualmente, a meio do seu percurso, o castelo medieval das Fragas da Contenda, o qual testemunha os primeiros esforços de organização do território ao tempo do Condado Portucalense.

Fonte: Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho 2014, Rotas do Parque Arqueológico do Vale do Terva, Câmara Municipal de Boticas, Boticas.

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