A designada arte rupestre é um dos domínios de representação simbólica que mais desafia os limites da interpretação, não só científica como também popular. Uma das suas mais conhecidas manifestações são as composições formadas por figuras geométricas, antropomórficas e zoomórficas, gravadas sobre rocha e cujo significado original geralmente nos escapa.
As gravuras do Vale Superior do Rio Terva inscrevem-se na chamada Arte Atlântica, uma manifestação simbólica que se identifica desde o Rio Vouga até às Ilhas Britânicas e que genericamente se reconhece ter sido produzida pelas comunidades que ocuparam o território entre os 4.º e 1.º milénio a.C..
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Outeiro Gordo
As gravuras encontram-se numa extensa e aplanada laje granítica que aflora à superfície do terreno, na bordadura nascente do outeiro, com ampla visão sobre o vale do Rio Terva.
Distinguem-se dois motivos, separados entre si cerca de 3m e gravados por picotagem e abrasão. A sul um mais simples, bastante erodido e a norte um mais complexo, bem conservado.
O primeiro corresponde a uma figuração circular, composta pelo resto de dois sulcos concêntricos. O segundo é também uma figuração circular, que se organiza em torno de uma pequena elevação do afloramento, em cujo topo se sulcou um círculo, completamente preenchido por covinhas, marcando o centro da composição, a que se sucedem dois anéis concêntricos igualmente sulcados e finalmente uma sequência de quatro anéis, também concêntricos, formados por covinhas alinhadas.
Souto Escuro 1
Localizado no remate poente da encosta do Leiranco, próximo da aldeia de Bobadela, as gravuras rupestres identificadas neste local inscrevem-se sobre uma laje granítica voltada a nascente, ao vale, com cerca de 14m², parcialmente fraturada.
Dispersos pela superfície identificam-se inúmeros sulcos e covinhas, obtidos por picotagem e abrasão, que desenham motivos dominantemente circulares concêntricos e pseudo-concêntricos, que se conjugam com covinhas, traços curvilíneos e mais raramente traços retilíneos.
Pela sua evidente harmonia estilística e conexão interna, os motivos gravados nesta rocha parecem configurar um conjunto compositivo de caráter monumental, em que releva a expressão tridimensional da representação, por via do evidente aproveitamento das caraterísticas topográficas do afloramento.
O roteiro não se encontra sinalizado no terreno.
Souto Escuro 2
Tal como o sítio de Souto Escuro 1, do qual dista cerca de 200m para N, este sítio localiza-se no sopé da vertente sudeste da Serra do Leiranco, nas proximidades da aldeia de Bobadela.
A gravura, obtida por picotagem e abrasão, encontra-se num afloramento granítico que ladeia o caminho, afloramento que se apresenta fraturado por extração de pedra. É formada por um único motivo circular, desenhado pelos sulcos de quatro anéis concêntricos, com covinha central. No lado nascente, quatro covinhas ocupam o espaço entre o 2.º e 3.º anel, interrompendo parcialmente o sulco deste.
Alto da Seara
Localizadas na margem esquerda da ribeira de Ardãos, as gravuras rupestres encontram-se numa chã aplanada que se desenvolve até às lagoas das Batocas, inscrevendo-se sobre uma laje granítica com aproximadamente 25m².
As gravuras, feitas por picotagem e abrasão, incluem motivos compostos por sulcos que desenham motivos tendencialmente circulares, curvilíneos e retangulares. Dispersos sobre e no entorno dos sulcos encontram-se, em grande número, covinhas, dispostas de modo aparentemente aleatório, ou pelo menos, sem que nos seja possível reconhecer na sua posição uma ordem ou padrão. Na lateral nascente da laje é possível observar um conjunto epigrafado contemporâneo, onde se pode ler >1969/ DOMINGOS<.