Rota das Aldeias do PAVT

Parque Arqueológico do Vale do Terva

Longe da urgência com que se vive nas cidades, no Vale do Terva a vida tem outro compasso, o tempo como que dilata e a sensação de constante atraso para chegar ao destino dilui-se na sapiente calma com que tudo se faz, a seu tempo, no seu espaço.

Aqui ainda é farto o momento para a lembrança. Nesta escala tão própria de tempo em que os dias parecem maiores, entre as horas árduas de trabalho e os momentos de descanso, as pessoas lembram, contam e recontam e, nesta teima de não esquecer, trazendo o passado ao presente, resiste-se criando novos espaços, novos tempos, novas identidades e novas vozes.

NO CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DO PAVT É CEDIDA A INFORMAÇÃO NECESSÁRIA PARA A REALIZAÇÃO DO ROTEIRO

É nesta repetição/reconstrução de memórias que encontramos as aldeias de Ardãos, Nogueira, Bobadela, Sapelos e Sapiãos, imersas em valores singulares, autênticos, fazendo com que quem passa e experiência pelo menos um dia da vida nas aldeias, não mais as esqueça.

Ardãos

Situada no sopé da Serra do Pindo, a aldeia de Ardãos ordena um dos mais amplos alvéolos agricultados da bordadura noroeste da cabeceira do rio Terva, que os seus habitantes continuam a explorar como principal recurso da sua economia agro-pastoril. Simultaneamente, Ardãos localiza-se na rota de uma ancestral via de comunicação do planalto barrosão, correspondente em época romana ao traçado da Via XVII, que ligava Bracara Augusta (Braga) a Asturica Augusta (Astorga) por Aquae Flaviae (Chaves).

rota-das-aldeias
Forno do Povo da aldeia de Ardãos. Foto TR/TC

O aglomerado urbano conserva o seu casario de arquitetura tradicional, conformando ruas estreitas e sinuosas que convergem para pequenos largos públicos, fixando um modelo de origem medieval.

A visitar Capela de São Roque, Capela de Santo António, Igreja Paroquial, Santuário da Senhora das Neves, Forno do Povo, Fontes de Mergulho, Cruzeiro, Casario Tradicional.

Bobadela

A aldeia de Bobadela localiza-se num pequeno outeiro no sopé da vertente nascente da serra do Leiranco, encaixada entre lameiros, campos e bosques. A sua localização na bordadura do vale está intimamente ligada à exploração agro-silvo-pastoril, comum a todas as aldeias do Vale do Terva.

patrimonio
Pormenor da Casa dos Arcos. Foto TR/TC

Mantendo a planimetria de origem medieval, a aldeia conserva a distribuição das ruas orientada para pequenos largos públicos, onde se cruzam os percursos quotidianos do trabalho e do descanso e onde, quando a partilha de responsabilidades assim o exige, se decidem as coisas de interesse comum.

Centro de Interpretação do PAVT. Foto TR/TC

Aqui em Bobadela, os saberes-fazer, refinados por práticas seculares e transmitidos de geração em geração, materializam-se em inúmeras peças e instrumentos de uso quotidiano que as populações conservam carinhosamente e expõem na Casa das Memórias (antigo Museu Rural). Aqui se instalou, também, o Centro de Interpretação do Parque Arqueológico do Vale do Terva, adaptando a antiga casa paroquial.

A visitar Igreja Paroquial, Capela de São Lourenço, Casa das Memórias, Casa da família Macedo, Cruzeiro, casario Tradicional, Forno do Povo, Relógio de Sol, Janela Manuelina, Moinhos de Rodízio.

Nogueira

A aldeia de Nogueira localiza-se no sopé da vertente nascente da Serra do Leiranco, a cerca de 1km da aldeia de Bobadela, à qual está vinculada desde a fundação do concelho de Boticas em 1836.

Aldeia de Nogueira. Foto TR/TC

Sobranceiro à veiga agrícola que se estende em direção ao vale, o seu casario de arquitetura tradicional adensa-se em torno de uma intrincada rede de ruas e travessas, que inesperadamente terminam nos campos envolventes.

Com hábitos comunitários muito próprios, leiloam-se em Nogueira as Lamas do Boi do Povo, anualmente ou de cinco em cinco anos.

A visitar Capela de São Mamede, Capela de São Caetano, Calvário, Forno do Povo.

Sapelos

A aldeia de Sapelos localiza-se no sopé da vertente oeste da Serra do Facho, na bordadura oriental do Vale do Terva, dominando a ampla e fértil veiga agrícola da margem esquerda do rio Terva. Aí convergiam duas importantes e antigas vias de comunicação, procedentes de Arcos e de Beça, que em Sapelos derivam para Chaves, pelo vale do Tâmega.

Casa do Portal. Foto TR/TC

Composta ainda pelo tradicional casario de granito, que se distribui longitudinalmente acompanhando a antiga estrada, alguns dos edifícios de Sapelos apresentam uma arquitetura mais cuidada, manifesta em alguns portais de aparato com decoração de recorte neoclássico.

A visitar Capela de Santo Amaro, Casa do Portal, Cruzeiro, Forno do povo, Santuário do Senhor dos Milagres.

Sapiãos

A aldeia de Sapiãos implanta-se no sopé da vertente sudeste da Serra do Leiranco, fixando a antiga ligação de Chaves a Braga pelo interior minhoto, por Beça e Cabeceiras de Basto, numa localização estratégica que serve igualmente a atual ligação a Montalegre. Mantém a sua envolvência rural de campos e bosques, vinculados desde longa data à economia agro-silvo-pastoril que caracteriza toda esta região.

Aldeia de Sapiãos. Foto TR/TC

O casario tradicional de granito dispõe-se pela encosta organizando ruas estreitas e sinuosas, conservando a morfologia de origem medieval, aqui marcada pelo atravessamento da antiga ligação viária.

De época medieval conservam-se alguns monumentos, como a capela de tradição românica tardia do cemitério da aldeia ou as sepulturas antropomórficas do lugar de Pássaros.

necropole-de-passaros
Sepulturas medievais de Pássaros. Foto TR/TC

A visitar Igreja Paroquial de São Pedro, Igreja Velha (Capela do Cemitério), Capela de Nossa Senhora dos Anjos, Calvário, Cruzeiros, sepulturas medievais de Pássaros, Cruz das Almas, Pontilhão, Fonte Coberta.

Mais sobre o Parque Arqueológico do Vale do Terva (PAVT) aqui.

PUB
FONTEUAUM 2014, "Rotas do PAVT", CMB, Boticas.