Os ‘castros’, assim se designam habitualmente os povoados fortificados que coroam muitos dos montes do noroeste da Península Ibérica, são uma das mais monumentais expressões da intensa ocupação do território durante a chamada Idade do Ferro, que terá conhecido o seu apogeu entre o século II a.C. e o século I d.C..
Na área do PAVT conhecem-se nove povoados fortificados ‘castrejos’, implantados nos cabeços e promontórios da bordadura do Vale do Rio Terva. De dimensões variáveis, todos eles apresentam sólidos amuralhamentos, os mais pequenos apenas com uma linha e os maiores com sistemas mais complexos de duas ou três linhas de muralhas, como o Castro de Sapelos.
A extraordinária densidade de ocupação ‘castreja’ do Vale do Rio Terva parece relacionar-se com a exploração intencional dos recursos minerais e metalíferos existentes (jazidas de ouro e de estanho).
NO CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DO PAVT É CEDIDA A INFORMAÇÃO NECESSÁRIA PARA A REALIZAÇÃO DO ROTEIRO
Castro do Cabeço
Sobre um cabeço a meio da vertente sul da Serra do Leiranco, dominando a ampla veiga que se estende até ao rio Terva desde Bobadela até Boticas, ergue-se um amplo povoado defendido por três robustas linhas de muralhas circundantes, antecedidas no lado oriental por um fosso largo e fundo, com talude exterior.
Nas plataformas interiores observam-se ruínas de casas de planta circular, algumas com pavimentos lajeados e revelando nos troços de paredes visíveis o característico aparelho poligonal.
Foi já objeto de escavações arqueológicas, apresentando evidências de ocupação até época romana, que se estende ao sopé da elevação. Na zona SO foi encontrado um penedo granítico com algumas gravuras, compostas por várias covinhas e alguns sulcos.
Castro de Nogueira
O Castro de Nogueira, localizado num esporão da vertente SE da serra do Leiranco é um dos mais expressivos povoados castrejos do Vale do Rio Terva, ocupando uma área de aproximadamente 6 Ha. Situado a mais de 900 m de altitude, a sua implantação proporciona boas condições naturais de proteção, controlando visualmente toda a bacia inicial do Vale do Rio Terva.
O sistema defensivo é constituído por três linhas de muralha: a primeira linha de muralha delimita a área da acrópole; a segunda, a mais evidente devido ao grande derrube que lhe está associado, estrutura a plataforma intermédia do povoado; a terceira linha conforma a plataforma mais baixa do povoado, seguindo até ao pequeno promontório que, a Sudeste, quebra abruptamente a vertente. A noroeste, na zona onde é mais vulnerável, o povoado está protegido por um campo de pedras fincadas, atualmente tombadas na sua grande maioria.
Nas plataformas definidas pelas muralhas percebe-se a existência de edificações e à superfície são abundantes os fragmentos de cerâmicas de distintas produções, testemunhando uma ocupação que poderá recuar-se aos séculos IV-III a.C..
Castro da Murada da Gorda
Pequeno povoado localizado num esporão oriental da Serra do Pindo, sobranceiro à ribeira das Cerdeirinhas, de onde se desfruta de uma espetacular vista panorâmica sobre o Vale do Rio Terva.
O sistema defensivo é dominado por uma poderosa muralha, que incorpora a abundante penedia que coroa o cabeço. Na zona NO do povoado percebe-se um fosso que se encontra bastante entulhado. Também no lado ocidental, na zona mais a sul, identifica-se uma pequena muralha que parece configurar uma espécie de talude/ trincheira, protegendo esta zona mais acessível. Não foram identificados vestígios de construções no interior do recinto.
Castro do Muro de Cunhas
Situado num promontório de morfologia cónica, no limite dos concelhos de Boticas e Chaves, o povoado é delimitado por duas linhas de muralhas circundantes, que apresentam um acentuado derrube.
O sistema de defesa é complementado por um campo de pedras fincadas, localizado na zona norte do povoado. Na plataforma superior identificam-se vestígios de habitações.
Na vertente oeste, sobrepondo parcialmente uma das linhas de muralha, conserva-se um pequeno eremitério, parcialmente encaixado no afloramento rochoso. No seu interior registam-se algumas impressivas inscrições e símbolos gravados em baixo-relevo, que revelam um evidente sincretismo religioso de tradição cristã.
O eremita José, que construiu, decorou e ocupou o eremitério do Castro do Muro de Cunhas em finais do séc. XX, abandonou o local nos inícios do século XXI, reinstalando-se há poucos anos no santuário de Nossa Senhora das Neves.
Castro de Sapelos
O Castro de Sapelos localiza-se num promontório em esporão alongado, sobre a margem esquerda do rio Terva.
Com duas linhas de muralha, constituídas por elementos de granito e quartzito, o povoado apresenta uma defesa reforçada por dois grandes fossos circundantes, que são cruzados por longas valas de provável extração mineira, conformando um complexo sistema de fossos e valas de interpretação igualmente complexa.
Na plataforma superior percebem-se vestígios de habitações de planta circular.