Acredita-se que o ritual das chegas de bois esteja ligado à crença de que o deus grego Dionisio podia assumir a forma física do touro, como representação simbólica da masculinidade e bravura. Terá sido a partir da reminiscência das festas pagãs dionisíacas, comuns a diversas culturas da Europa e África, que as chegas de bois evoluíram, chegando aos dias de hoje como uma atividade lúdica, presente anualmente nas festas de verão e excecionalmente em eventos de grande importância, como é o caso, da Feira Gastronómica do Porco em Boticas.
O princípio das chegas de bois é simples, trata-se de aproximar, ou “chegar” dois machos, que manterão as cabeças encostadas para determinar o mais forte. Recriando um processo natural em que os animais se observam, exibem a sua corpulência (os imponentes animais chegam a pesar mais de uma tonelada) e, eventualmente medem forças, através do encosto das cabeças, apenas o necessário para que um deles sinta estar em desvantagem, isto é, dê sinais de recuo ou de fuga.
Raramente estas lutas implicam algum tipo de ferimento para algum dos animais.
Em alguns casos, o animal dominante fará uma breve perseguição ao mais fraco, o suficiente para confirmar o seu poder. As chegas de bois podem durar vários minutos como apenas alguns segundos (ou nem acontecer caso os bois recusem “dar a cabeça”), ocorrendo entre dois animais e apurando-se o vencedor, em eliminatórias sucessivas até ser encontrado o campeão. Raramente estas lutas implicam algum tipo de ferimento para algum dos animais.
As chegas de bois realizavam-se, outrora, entre os bois do povo de diferentes aldeias. Em jogo, mais do que a fama do boi vencedor, estava a imagem de cada aldeia. Os bois do povo foram substituídos por bois particulares, mas a mística que envolve estes espectáculos de força e perícia é a mesma. Estas lutas continuam a mover multidões.