No dia seguinte ou dois dias após a matança do porco, nas terras mais quentes, o porco é desmanchado e a carne separada conforme a sua finalidade: carne para afumar e carne para o fumeiro. A carne para afumar é colocada numa salgadeira, envolvida numa generosa camada de sal, onde permanece cerca de um mês. Depois disso, é pendurada na cozinha da casa para afumar. Já a carne para o fumeiro é cortada em pedaços pequenos, colocada em alguidares e temperada com vinho (maduro, verde ou mistura de ambos, podendo também levar água), alho picado e sal. Esta carne fica de molho (sorça) durante vários dias, entre quatro e oito, dependendo da aldeia, sendo necessário mexer regularmente para absorver melhor o tempero e ajustar, caso necessário. No caso dos salpicões, por serem pedaços maiores, a carne precisa de mais dias no vinho e alho para absorver o sabor do tempero.

No dia em que se faz o fumeiro, a dona da casa convida algumas mulheres (familiares próximas, amigas e vizinhas) para a auxiliarem nessa tarefa. Deita-se pimentão doce na carne (colorau) e algum alho fresco e enfunila-se a carne nas tripas, previamente passadas por água. Depois, o fumeiro é pendurado em lareiros e colocado a afumar ao calor das lareiras das cozinhas.
A EXCELENTE QUALIDADE DO FUMEIRO RESULTA DO SABER FAZER LOCAL E DAS CARACTERÍSTICAS DO CLIMA, ONDE OS RIGORES DO INVERNO DESEMPENHAM UM PAPEL FUNDAMENTAL.

Para além da produção destinada ao autoconsumo, atualmente também se produz fumeiro tradicional para venda na Feira Gastronómica do Porco, em Boticas, um evento anual promovido pela autarquia com grande importância para a economia local.
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