Casa Pastoria Mourão

Boticas

Foi no ano de 1903 que Camilo Pastoria Mourão iniciou a construção daquela que viria a ser a maior casa de Codessoso, e uma das maiores – se não a maior – do concelho, ultrapassando o eterno rival João Domingues Ennes.

João do Janela, como era conhecido, terá respondido mais tarde à provocação com a construção de um jazigo familiar ricamente decorado, de costas para o de Camilo, com acesso apenas pelo adro da igreja através de uma escadaria privada.

Ninguém sabe ao certo como começou a disputa, o que se sabe e diz-se, é que nem os cães se davam na rua.

Foto TR/TC

O que se sabe, e diz-se, é que nem os cães se davam na rua.

O casarão como é conhecido na aldeia de Codessoso, de tipo senhorial, demorou dez anos a levantar e dizem os antigos que tem tantas portas e janelas como dias um ano.

Foto TR/TC

Parte da casa foi em 2005 adaptada para Turismo Rural pela neta e atual proprietária, Maria de Lourdes Mourão Lopes, ou (dona) Milocas, como prefere ser tratada.

Foto TR/TC

Parte da casa foi adaptada para turismo rural pela neta e atual proprietária.

Tem à disposição em regime de alojamento e pequeno-almoço, três suites, três quartos de casal e um quarto duplo, todos com vista para o jardim e piscina, ou aldeia, casa de banho privativa, aquecimento, televisão e telefone.

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O avô de dona Milocas fez fortuna no Brasil. Inicialmente dedicou-se com grande sucesso à produção de caldo de farinha, mas foi com a importação do vinho do Porto que viu a fortuna crescer. A firma com o seu nome ainda existe.

De volta a Portugal torna-se membro ativo da maçonaria e conhece Delfina Ferreira, uma ambiciosa costureira que frequentava a casa e com quem teve sete filhos.

Delfina Ferreira. Foto DR

“Era comum naquele tempo as costureiras andarem pelas casas mais ricas” – diz dona Milocas – “depois de casar o meu avô arranjou-lhe uma professora, Donana (dona Ana) para fazer dela uma senhora”.

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A professora viria a ter um fim trágico na casa, após derramar inadvertidamente petróleo sobre si de um candeeiro que tinha o hábito de encher até cima, incendiando-se de seguida. Dizem que ainda correu em direção ao tanque para se atirar à água, mas que ao ver um criado voltou para trás com vergonha. O criado em choque, desatou aos gritos pensando ter visto um fantasma. Donana morre queimada.

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Estas são algumas das histórias que poderá ouvir dona Milocas contar, enquanto bebe um chá acompanhado por uma fatia de bolo caseiro, à lareira, numa das casas mais tradicionais do concelho.

Pergunte a dona Milocas pelo filho mais velho de Camilo e a filha do seu eterno rival, João do Janela.

www.casapastoriamourao.com

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Tiago Rodrigues

Natural de Lisboa, trocou a capital por uma aldeia no Barroso, onde tem desenvolvido projetos com várias instituições locais. É designer gráfico e editor de arte na UMinho Editora. Fundou em 2017 o Terra Callaeci, projeto dedicado à divulgação da paisagem cultural transmontana, enquanto construção dos povos que nela habitaram (e habitam).