Na época romana (Sécs. I a.C./IV d.C.) identifica-se uma nova ocupação do vale superior do rio Terva, orientada para a exploração intensiva dos seus recursos minerais, em especial dos jazigos auríferos.

No vasto complexo de mineração antiga do vale superior do rio Terva, destacam-se os povoados mineiros romanos das Batocas e do Carregal e as zonas de extração das Batocas, do Limarinho, do Poço das Freitas e do Brejo. Aí se identificam grandes ‘cortas’ de desmonte a céu aberto, inúmeras bocas de galerias e de poços e diques e canais, apresentando-se a paisagem profusamente recortada por trincheiras de amplitude variável, entre as quais se observam pirâmides e agulhas graníticas residuais e lagoas e onde se desenvolveu uma cobertura vegetal climácica, dominada por bosques de carvalhos.
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Minas do Poço das Freitas
Situado entre os ribeiros do Calvão e do Vidoeiro, o chamado Poço das Freitas é um dos mais significativos testemunhos da atividade mineira antiga no Vale do Terva. A zona de extração abarca uma área que se prolonga no sentido N/S por cerca de 1000 m e cerca de 700 m no sentido E/O, sendo claramente percetíveis as zonas de escavação a céu aberto, com inúmeras cortas e trincheiras, recortadas por galerias subterrâneas e poços verticais.

No interior de algumas galerias são ainda visíveis os negativos dos escoramentos, sob a forma de rasgos e agulheiros, bem como alguns nichos para colocação das luminárias romanas, as lucernas.
A lagoa que dá nome ao local, o Poço das Freitas, configura-se como um embalse, podendo ter correspondido a uma saepti (barragem romana), fundamental no processo de exploração mineiro.

Após a intensa exploração de época romana, a zona terá conhecido uma exploração recorrente mas de pouca extensão e episódica, documentando-se a última nos inícios do século XX.
Minas do Limarinho


As cortas e lagoa do Limarinho constituem a mais notável expressão paisagística da mineração antiga no Vale do Terva. No Limarinho torna-se evidente a dimensão avassaladora da mineração a céu aberto e dos desmontes realizados, como revelam as cortas, trincheiras e pirâmides residuais remanescentes.

As escavações a céu aberto direcionaram-se preferencialmente no sentido N/S, estendendo-se por uma área superior a 2 km2. É também aqui que se conserva o maior poço vertical dos identificados até ao momento, conhecido localmente por minóculo, com uma profundidade estimada de aproximadamente 15 metros, onde ainda são identificáveis os agulheiros do escoramento. Este poço tem defronte o término de uma galeria em salão, onde são visíveis também os negativos do escoramento e dos nichos das luminárias.
Minas das Batocas
A zona de extração mineira das Batocas desenvolve-se entre as ribeiras de Ardãos e de Sangrinheira, estendendo-se por cerca de 550 m no sentido N/S e cerca de 260 m no sentido E/O.

Atualmente recoberta por densos bosques de carvalhos e pontuada por pequenas lagoas, a zona de mineração é definida por extensas cortas e trincheiras, identificando-se nos taludes laterais algumas entradas de galerias.

Sobranceiro à exploração encontra-se o povoado mineiro romano das Batocas, atualmente a ser objeto de estudos arqueológicos.
Minas do Brejo
Numa área aproximada de 12 hectares, que vai desde as proximidades da aldeia de Bobadela até perto do Castro do Brejo, identificam-se inúmeras trincheiras e cortas de desmonte a céu aberto, com orientações, comprimentos e larguras diversas, observando-se restos de galerias nos taludes laterais.

Nas proximidades da antiga Casa Florestal encontra-se a designada Lagoa do Brejo, correspondente a uma antiga e ampla ‘corta’ de extração mineira.
Já fora da zona de exploração, mas na sua área direta de influência, no extremo Oeste, localiza-se o povoado fortificado do Brejo, que poderá corresponder a um ‘povoado mineiro castrejo’.
Com características únicas de autenticidade, originalidade e monumentalidade, sem paralelo na região Norte de Portugal, e porque constitui um valor patrimonial de superior interesse científico, histórico e cultural, este conjunto foi classificado como Sítio de Interesse Público (Portaria no 386/2013, Diário da República, 2.a série – N.o 115 – 18 de junho de 2013).
Fonte: Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho 2014, Rotas do Parque Arqueológico do Vale do Terva, Câmara Municipal de Boticas, Boticas.